quarta-feira, 21 de setembro de 2011

O monte


Cristina vivia numa videnda no campo, a casa era de cor amarela com com duas varandas e um grande portão prateado. Ela vivia sozinha, pois os seus pais tinham falecido há 4 meses. Cristina sempre teve um grande instinto maternal, adorava ajudar as crianças mais desfavorecidas ou maltratadas. Um dia numa noite escura e de trovoada mas sem chuva, ouviu alguem bater à sua porta, ela digiriu-se pé ante pé até à sua porta, ela abriu a porta e viu uma criança, um rapazinho de 4 anos, tinha olhos azuis profundos como o oceano, uma cara redondinha tipica de uma criança daquela idade. Ela olhou para a criança e falou:
- Olá pequenino o que fazes por aqui?
A criança começa a chorar e diz:
- Os meus pais sairam de casa sem me dizerem nada e eu agora andava à procura deles, mas agora nao os encontro nem consigo ir sozinho até casa.
- Oh pequenino – diz Cristina – diz me onde moras e eu levo te até lá
O menino aponta com a sua pequena mão para o monte perto da vivenda de Cristina e diz:
- Eu moro ali
Cristina espantada diz:
- Mas… nao mora ali ninguem, brinquei tantas vezes com os meus amigos naquele e nao me lembro de nenhuma casa…
Depois Cristina pensou para ela própria:
- Bom… eu bem tenho fama de ser distraída, talvez esteja la mesmo uma casa.
Cristina disse ao menino:
- Está bem pequenino eu levo te até casa.
- Obrigada minha senhora – disse o menino
Cristina pegou na mao do menino, a mao da criança era fria como gelo, mas ela pensou que talvez fosse dos nervos de ele nao saber onde os pais estavam.
Subiram o monte juntos, o caminho era de terra e musgo e deslizante, do lado direito e esquerdo havia arvores despidas com corujas fazendo barulhos, ouviu um cao a uivar, sentiu um arrepio na coluna, mas continuou.
- É aqui a minha casa – disse o menino
Cristina olhou espantada para a casa. A casa estava em ruinas, a porta da entrada era de madeira e rangia. O menino levou Cristina até ao seu quarto e mostrou.
- Este é o meu quarto – disse o menino
Cristina estava sem palavras. O quarto estava a cair aos bocados, havia um quadro partido pendurado na parede, pareciam ser os pais do menino, as janelas por mais que as fechasse, abriam sempre sozinhas.
- Contas me uma historia? – perguntou o menino, dando a Cristina um livro de contos infantis
- Está bem, mas quando os teus pais chegarem tenho de ir embora – disse Cristina
- Está bem – disse o menino – mas podes contar a história do fim para o principio?
Cristina ficou pensativa, mas concordou. A historia era sobre uns pais que tinham abandonado o filho. “Ainda por cima” – pensou Cristina
Cristina ia contando a historia e quanto mais contava, mais sentia arrepios e barulhos no quarto. De repente, sentiu algo por baixo dos seus pés. Era um símbolo de feitiços. Estava presa, de repente percebeu que o livro nao era sobre uma historia, era um livro de invocaçao de almas. Ela tinha feito o chamamento sem saber atraves de mensagens sublimares. De repente ela olha para o menino, e nao era o mesmo. Este tinha mudado as suas feiçoes, agora em vez de ser ternurento, era assustador. Tinha os olhos completamente brancos, o corpo continuava frio e estava sem dentes. Ela tentou sair de dentro do simbolo, mas sem sucesso, sentia que alguem a agarrava, ela olhou para trás e viu um casal, era o mesmo do quadro partido.
O menino assustador disse:
- Olá mae e pai, trouxe um aperitivo.
Cristina tentou fugir, esticava-se, contorcia-se, mas nada. O menino e seus pais deitaram Cristina na cama do menino e começaram a despi-la. Taparam a boca dela para ela nao gritar. Cristina começou a pontapear o casal e conseguiu levantar se da cama e fugir. Ela abriu a porta de casa e começou a correr, o casal e o menino seguiam na sem tocarem no chao. Cristina corria sem parar, as corujas faziam barulhos, os caes uivavam. Cristina chegou ao fim do monte e tinha de saltar, pois nao tinha ido pelo mesmo caminho que tinha entrado, pois o outro caminho tinha três escadas e esta saida agora era alta. Cristina pensou:
- Ou parto um pé ou eles matam-me.
Cristina saltou, o casal tentou agarrá-la mas nao conseguriam. Cristina fugia e o casal e o menino continuavam a segui-la. Cristina abriu a porta de sua casa e fechou-a em seguida, mas de nada servia, pois o menino e o casal atravassavam a porta. Cristina entrou no seu quarto e o casal e o menino nao entraram. Cristina nao estava a perceber o motivo de nao entrarem. Ficou tranquila mas pensativa ao mesmo tempo. Olhou em redor do seu quarto e de repente reparou no terço que tinha pendurado no braço da sua cama. Percebeu que eles nao entrariam la enquanto o terço ali estivesse. Nem a seguiriam ou agarrariam. Cristina nunca tinha sido muito dada à religiao, mas a partir daquele momento, fosse para onde fosse o terço iria com ela. Cristina decidiu vender a vivenda e ir viver para a cidade, pois os seus amigos convidaram na para viver com eles. O casal e o menino continuaram a segui-la, pois criaram uma ligaçao com ela porque ela tinha invocado e estado dentro do simbolo. Não aguentando mais aquela situação, Cristina abriu a torneira e encheu a banheira de água fria. Partiu o espelho da casa de banho e cortou os pulsos. Enfiou os pulsos dentro da água fria e o sangue começou a coagular. A banheira rapidamente ficou ensanguentada, acabando Cristina por morrer.
Dizem que Cristina por vezes entra no nosso quarto enquanto dormimos, e fica a olhar para a rua como se tivesse a proteger-nos de alguém, talvez do casal e do menino que a tinham atacado.

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